Economistas acreditam que dólar baixo veio para ficar
A notícia é boa para quem quer viajar ao exterior e para o controle da inflação, mas é ruim para os exportadores brasileiros de produtos manufaturados. De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 80 instituições financeiras, o dólar baixo veio para ficar.
Os economistas preveem que a moeda norte-americana, que chegou aos R$ 2,50 no fim de 2008, por conta dos efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira, ficará abaixo da cotação de R$ 2, pelo menos, até o final de 2013. Atualmente, o dólar oscila ao redor de R$ 1,72 por conta da forte entrada de divisas na economia brasileira.
Mesmo admitindo que a tarefa não é fácil, pois circula no mercado o ditado de que a previsão da taxa de câmbio acaba de tornando um "exercício de humildade" para os economistas, a pesquisa do BC mostra que eles acreditam que o dólar fechará este ano em R$ 1,70, subirá para R$ 1,75 no fim de 2010, para R$ 1,81 no fechamento de 2011 e para R$ 1,88 no fim de 2012. Para o fechamento de 2013, a expectativa do mercado é de que o dólar suba para R$ 1,92. O cenário é factível somente se não ocorrer nenhum novo "tsunami" nos mercados financeiros.
Reflexo do sucesso do país
Segundo Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências, o dólar está abaixo de R$ 2, principalmente, por conta da entrada de recursos no país para aplicações na bolsa de valores e devido ao ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia.
"O dólar baixo é reflexo do sucesso da economia, que conseguiu melhorar muito seus fundamentos", acrescentou. Segundo ela, o Brasil deve manter uma taxa de crescimento do PIB superior a 4% até 2019 - o que deverá atrair investimentos para o país.
A expectativa da analista é de que, por conta disso, o dólar fique abaixo de R$ 2 também até 2019. Alessandra Ribeiro lembrou que devem ingressar, ainda, recursos no país referentes à exploração do petróleo da camada pré-sal (águas profundas), para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos - além do ingresso para aplicações financeiras.
Apesar do IOF
A trajetória de queda esperada pelos analistas não foi alterada, nas últimas semanas, pelo estabelecimento da alíquota de Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para aplicações em renda fixa e em bolsas de valores - anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A agência de classificação de risco Moody’s previu que o IOF terá efeito "marginal" e, na melhor das hipóteses, "transitório" para conter a entrada de dólares no Brasil.
O governo acena ainda com a possibilidade de permitir que as garantias de operações financeiras sejam depositadas lá fora, e que os fundos de pensão possam realizar mais aplicações no exterior. Mas, segundo a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências, a medida não deverá ter impacto grande no mercado, pois é mais vantajoso aplicar os recursos dentro do país.